A liberação das contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), conjugada com o possível início de corte da taxa de juros básica (Selic) no final de julho, podem dar um pequeno ânimo na atividade e na confiança empresarial e dos consumidores.

As medidas têm potencial para fazer com que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça em torno de 1,1% este ano, levemente acima da projeção do mercado (0,81%). Contudo, o ânimo só se sustentará para além de 2019 com as reformas estruturais saindo do papel. É o que avaliam especialistas ouvidos pelo jornal.

Na visão do professor de administração do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), Norberto Giuntini, com o anúncio da liberação do FGTS, o governo pretende ganhar tempo para poder aprovar as reformas da Previdência Social e a tributária

“Creio que a ideia do governo é tentar agilizar um pouco a economia até o final do ano, elevando os níveis de confiança para, então, poder gerar um ambiente mais favorável para a aprovação das reformas”, reflete Giuntini.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, deve anunciar a medida em detalhes na semana que vem. Até o momento, especula-se que os trabalhadores terão autorização de sacar entre 10% a 35% do valor do seu saldo, sejam de contas ativas ou inativas. A estimativa do governo é de uma injeção de R$ 30 bilhões na economia. Se o PIS/Pasep entrar no pacote, este montante pode subir a R$ 50 bilhões.

O professor do curso de economia da FAAP, Eduardo Mekitarian, reforça que a medida de caráter paliativo tem o intuito de evitar com que PIB fique abaixo de 1% este ano. “Não se trata de uma política que se sustente sem reformas adicionais”, destaca. “Contudo, a liberação do FGTS, conjugada com a redução da taxa de juros no final deste mês, pode dar um certo ânimo para o consumo das famílias e para o empresariado nacional”, acresce.

Mekitarian avalia que a implementação de medidas de estímulo ao consumo, nesse segundo semestre, podem ter seus efeitos intensificados se houver tramitação ágil e satisfatória das reformas das aposentadorias e da tributação.

“Esse cenário seria capaz de restaurar a confiança em todos os setores de atividade. Ficaria melhor ainda com o programa de privatizações saindo do papel”, completa Mekitarian.

“Voo de galinha”

O assessor econômico da FecomércioSP, Guilherme Dietze, afirma, por sua vez, que este pode não ser o melhor momento para medidas de estímulo. “Consumo sem investimento gera voo de galinha”, ressalta. “A pessoa vai pegar esse dinheiro em agosto, consumir até setembro e se em outubro a economia não estiver reagindo, ela continuará desempregada e endividada”, critica o economista.

Na visão de Dietze, seria melhor implementar a medida no final deste ano, momento em que os efeitos da reforma da Previdência sobre as expectativas dos empresários podem ser mais positivos. “Além disso, deverá haver uma clareza maior em relação às medidas de redução da burocracia [MP da Liberdade Econômica] e da carga tributária”, reforça.

Essa conjuntura, segundo Dietze, seria capaz de proporcionar um início de retomada de projetos de investimentos. “É mais positivo que uma pessoa saque seu dinheiro do FGTS em um momento em que a economia estará gerando vagas de emprego”, diz.

José Pena, economista-chefe do Porto Seguro Investimentos, comenta que, de fato, a medida não ajusta permanentemente a renda do trabalhador, porém não vê sentido em implementá-la mais para a frente. “Não acho má ideia que ela seja implantada agora. A reforma da Previdência está sendo bem encaminhada. O placar não deve mudar até o fim da tramitação”, afirma.

“Há uma confluência de fatores positivos ocorrendo, como a queda dos juros aqui no Brasil e lá fora. Isso pode melhorar a confiança do consumidor. Liberar o FGTS quando a economia já estiver crescendo não faz sentido”, diz Pena.

Já o professor de economia do Insper, Otto Nogami, afirma que o estímulo ao consumo é a saída possível de curto prazo para evitar que o PIB fique negativo – a projeção dele, até o momento, é de queda de 0,13% da economia este ano. “Investimento demora de 3 a 5 anos para amadurecer”, diz. “A liberação não irá causar nada de muito efusivo, mas já ajuda”, complementa Nogami.

Por fim, Giuntini lembra que, durante a liberação das contas inativas no governo de Michel Temer, em 2017, 40% das pessoas utilizaram o dinheiro para pagar dívidas. “Naquele momento, 61,8% das famílias estavam endividadas. Hoje, o percentual está até maior, em 64%”, pontua. Para ele, esses dados mostram que a liberação é uma medida paliativa, pois, sem a economia retomar crescimento, as famílias continuarão apertadas.

Fonte: DCI


Voltar a listagem de notícias
Fechar

Política de Cookies

Seção 1 - O que faremos com esta informação?

Esta Política de Cookies explica o que são cookies e como os usamos. Você deve ler esta política para entender o que são cookies, como os usamos, os tipos de cookies que usamos, ou seja, as informações que coletamos usando cookies e como essas informações são usadas e como controlar as preferências de cookies. Para mais informações sobre como usamos, armazenamos e mantemos seus dados pessoais seguros, consulte nossa Política de Privacidade. Você pode, a qualquer momento, alterar ou retirar seu consentimento da Declaração de Cookies em nosso site.Saiba mais sobre quem somos, como você pode entrar em contato conosco e como processamos dados pessoais em nossa Política de Privacidade. Seu consentimento se aplica aos seguintes domínios: palmiericonsultoria.com.br

Seção 2 - Coleta de dados

Coletamos os dados do usuário conforme ele nos fornece, de forma direta ou indireta, no acesso e uso dos sites, aplicativos e serviços prestados. Utilizamos Cookies e identificadores anônimos para controle de audiência, navegação, segurança e publicidade, sendo que o usuário concorda com essa utilização ao aceitar essa Política de Privacidade.

Seção 3 - Consentimento

Como vocês obtêm meu consentimento? Quando você fornece informações pessoais como nome, telefone e endereço, para completar: uma solicitação, enviar formulário de contato, cadastrar em nossos sistemas ou procurar um contador. Após a realização de ações entendemos que você está de acordo com a coleta de dados para serem utilizados pela nossa empresa. Se pedimos por suas informações pessoais por uma razão secundária, como marketing, vamos lhe pedir diretamente por seu consentimento, ou lhe fornecer a oportunidade de dizer não. E caso você queira retirar seu consentimento, como proceder? Se após você nos fornecer seus dados, você mudar de ideia, você pode retirar o seu consentimento para que possamos entrar em contato, para a coleção de dados contínua, uso ou divulgação de suas informações, a qualquer momento, entrando em contato conosco.

Seção 4 - Divulgação

Podemos divulgar suas informações pessoais caso sejamos obrigados pela lei para fazê-lo ou se você violar nossos Termos de Serviço.

Seção 5 - Serviços de terceiros

No geral, os fornecedores terceirizados usados por nós irão apenas coletar, usar e divulgar suas informações na medida do necessário para permitir que eles realizem os serviços que eles nos fornecem. Entretanto, certos fornecedores de serviços terceirizados, tais como gateways de pagamento e outros processadores de transação de pagamento, têm suas próprias políticas de privacidade com respeito à informação que somos obrigados a fornecer para eles de suas transações relacionadas com compras. Para esses fornecedores, recomendamos que você leia suas políticas de privacidade para que você possa entender a maneira na qual suas informações pessoais serão usadas por esses fornecedores. Em particular, lembre-se que certos fornecedores podem ser localizados em ou possuir instalações que são localizadas em jurisdições diferentes que você ou nós. Assim, se você quer continuar com uma transação que envolve os serviços de um fornecedor de serviço terceirizado, então suas informações podem tornar-se sujeitas às leis da(s) jurisdição(ões) nas quais o fornecedor de serviço ou suas instalações estão localizados. Como um exemplo, se você está localizado no Canadá e sua transação é processada por um gateway de pagamento localizado nos Estados Unidos, então suas informações pessoais usadas para completar aquela transação podem estar sujeitas a divulgação sob a legislação dos Estados Unidos, incluindo o Ato Patriota. Uma vez que você deixe o site da nossa loja ou seja redirecionado para um aplicativo ou site de terceiros, você não será mais regido por essa Política de Privacidade ou pelos Termos de Serviço do nosso site. Quando você clica em links em nosso site, eles podem lhe direcionar para fora do mesmo. Não somos responsáveis pelas práticas de privacidade de outros sites e lhe incentivamos a ler as declarações de privacidade deles.

Seção 6 - Segurança

Para proteger suas informações pessoais, tomamos precauções razoáveis e seguimos as melhores práticas da indústria para nos certificar que elas não serão perdidas inadequadamente, usurpadas, acessadas, divulgadas, alteradas ou destruídas.

Seção 7 - Alterações para essa política de privacidade

Reservamos o direito de modificar essa política de privacidade a qualquer momento, então por favor, revise-a com frequência. Alterações e esclarecimentos vão surtir efeito imediatamente após sua publicação no site. Se fizermos alterações de materiais para essa política, iremos notificá-lo aqui que eles foram atualizados, para que você tenha ciência sobre quais informações coletamos, como as usamos, e sob que circunstâncias, se alguma, usamos e/ou divulgamos elas. Se nosso site for adquirido ou fundido com outra empresa, suas informações podem ser transferidas para os novos proprietários para que possamos continuar a vender produtos e serviços para você